sábado, 11 de julho de 2009

Araguaia: local de sepultamento foi alterado

A comissão criada pelo governo federal para buscar ossadas de guerrilheiros no Araguaia encontrou ontem em uma clareira na selva, dentro de base do Exército, indícios de solo revolvido e remoção de terra. O local seria um possível ponto de sepultamento clandestino de guerrilheiros.

Há cinco anos, com apoio das Forças Armadas, uma comissão interministerial montada no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a pretexto de procurar ossadas dos cerca de 60 desaparecidos realizou, em segredo, ações no local. Essa comissão foi extinta em 2007.

Na ocasião, não houve acompanhamento de imprensa e parentes de guerrilheiros. As conclusões constam apenas de relatório, que circulou internamente e acabou na internet.

Antropólogos forenses do Instituto Médico Legal do Distrito Federal e geólogos da Universidade de Brasília constataram que, anos atrás, o solo da clareira foi alterado. Foi decidido que o local será escavado, possivelmente em agosto.

Os membros da comissão foram levados à clareira pelo general Mário Lúcio Araújo, que comanda o grupo de militares. Ele afirmou ter recebido ordem para levá-los ao "ponto pré-determinado" pelo Ministério da Defesa: a porteira da entrada da Base de Selva Cabo Rosa, na margem esquerda da rodovia Transamâzonica, sentido Tocantins. É uma área militar, de acesso restrito.

Especialistas em guerrilha do Araguaia, autores de livros sobre o tema, parentes de guerrilheiros e até militares que atuaram na repressão ao movimento do então ilegal PC do B falam que as Forças Armadas realizaram, anos após a guerrilha, uma "operação limpeza" para dar sumiço aos corpos.

Formada por 33 civis e militares, a comissão percorre o Araguaia desde terça-feira. O Ministério da Defesa determinou 14 pontos em que pode haver ossadas.

Sem tempo

O ministro Nelson Jobim (Defesa) afirmou ontem que o prazo para as buscas não deve ser cumprido à risca, principalmente o trabalho de campo, que deve ser concluído até novembro. "Os prazos são elásticos", disse o ministro. (Folha Online)

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