sexta-feira, 29 de maio de 2009

CURIÓ VAI A JURI POPULAR

Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, (hoje coronel reformado)vai a juri popular no próximo dia 5 de junho, sendo réu pelo homicídio de um jovem de 16 anos, ocorrido em 1993, em Brasília. Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, o prefeito, acompanhado por dois filhos e por dois policiais civis, perseguiu dois adolescentes de 16 e 17 anos que haviam invadido a propriedade dele em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília.








Curió é acusado de atirar pelas costas em Laércio Xavier da Silva, que morreu. O irmão dele, Leonardo, 17, foi ferido com um tiro na mão e sobreviveu. Segundo a denúncia, os adolescentes estavam desarmados.

Os adolescentes são apenas mais duas vítimas de Curió, acusado também de assassinar e torturar dezenas de militantes de esquerda que participaram da Guerrilha do Araguaia. Enviado à região pelos comandantes da ditadura militar, o então major Sebastião Rodrigues de Moura comandou e participou das atrocidades cometidas contra a população local. Em entrevistas recentes, diz ter matado pessoalmente diversos guerrilheiros e enterrado seus corpos. Sabe-se também que torturou homens e mulheres indefesos, o que faz dele o criminoso mais notório e conhecido daqueles acontecimentos.

No início da década de 80, após ter cumprido sua fétida missão no Araguaia, foi nomeado interventor do garimpo de Serra Pelada pelo então presidente da República, João Baptista Figueiredo. À frente do garimpo, promoveu um regime de terror, corrupção, violência e superexploração contra os garimpeiros. Enquanto alguns poucos enriqueceram, a grande massa garimpeira entrou em Serra Pelada pobre e saiu miserável.

Desde o início, Sebastião Curió se auto-intitulou coordenador do garimpo, sendo que por esta época era agente do Sistema Nacional de Informação (SNI). Posteriormente tornou-se presidente da primeira cooperativa de garimpeiros (Coomi-gasp) e, em seguida, elegeu-se deputado federal pelo PFL, fazendo da luta garimpeira um palanque . Sua condição de parlamentar e de oficial da reserva livrou-o de dezenas de inquéritos, inclusive por assassinatos.

Em 2002, o presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, Antonio Clênio Cunha Lemos, 36, foi assassinado com requintes de crueldade no município de Curionópolis. Mais uma vez, as suspeitas recaem sobre Sebastião Curió.

O professor Paulo Henrique Costa Mattos, autor do livro ''Vida Vermelha'', sobre a história da esquerda no Brasil e a Guerrilha do Araguaia, ao falar sobre Curió, registrou que, no Brasil ao contrário do que acontece na Argentina, onde a Lei de Anistia está sendo revista para que torturadores, genocidas e violadores dos direitos humanos sejam julgados por seus crimes, bandidos confessos do regime militar viram celebridades, escritores, prefeitos e figuras de destaque do cenário nacional.

A cassação do mandato de Curió, quando prefeito da cidade que leva o seu nome quase no fim de seu mandat pode ter sido o primeiro passo para pôr fim às décadas de impunidade das quais ele desfrutou. O próximo passo poderia ser a imediata mudança de nome do município de Curionópolis, dado à cidade como uma bizarra ''homenagem'' a Sebastião Curió, uma figura nefasta que merece ter o nome citado apenas como réu nos tribunais do país.

Curió alega ter agido em legítima defesa, mas o ministério público o denunciou por homicídio qualificado

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